quarta-feira, 1 de abril de 2009

TEM HORAS QUE DÁ VONTADE DE IR EMBORA


Jailson Freire

No princípio, tudo havia sido planejado pra ser “muito bom”, mas como a coisa se descambou para o outro lado, parece que nada mais terá jeito.

Uma moça, um pai, uma mãe e uma alegria que ainda se fazia presente junto com os presentes que talvez não tenham sido abertos... Não deu tempo.

Uma reunião santa de santos em homenagem ao Santíssimo e um fogo gostoso que ainda ardia por dentro.

Um futuro brilhante numa mão e vários pacotes de sonhos na outra... Em fim, como imaginar que tudo viraria vapor de um instante para o outro?

Um pedido simples e humilde, uma negativa bestial e um estampido fatal. Eis o mal...

A menina inocente está agora livre... Livre para passear nas ruas de ouro e olhar os muros límpidos de cristal. Livre dessa cidade “maravilhosa” e do mal. Livre do lugar que precisa tanto de todos nós que deveríamos ser sal.

A menina agora curte o privilégio de princesa dos céus... A menina vive a eterna alegria de usufruir de tudo que fora prometido na vida de cá para a vida de lá. Ela acreditou e levou.

A menina agora não precisa mais do espelho para ver o que via de olhos fechados que molhavam de alegria diante das mais belas e inimagináveis paisagens.

Ela não mais sentirá saudades, não mais chorará de dor ou angústia... Não mais pagará por ter vindo aqui. Não mais precisará vender nem comprar. Ela já tem tudo! Ela ganhou o prêmio.

Quanto a nós, sentiremos saudades... Quanto a nós, não nos conformaremos. Quanto a nós sempre denunciaremos... Quanto a nós sempre nos envergonharemos dessa pouca vergonha inspirada pelo mal que dos nossos corações parece querer fazer mingau...

Quanto a nós, esperaremos que Ele volte pra nos buscar... Ou então o momento que nos chamar...

Por tudo isso, tem horas que dá vontade de ir embora.


Apocalípse 21

Um comentário:

  1. Caro poeta e amigo

    Tens a veia poética. Fizeste, através de teus sentimentos expressos em palavras, me sentir tão perto da família enlutada, e ao mesmo tempo tão sedento do céu.

    Abçs,
    Levi B. Santos

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