quarta-feira, 5 de setembro de 2007

ELES CHEGARAM DE REPENTE

por J.F.
27/08/2006

Foram momentos difíceis vividos por nós no jardim... Primeiro eu não entendia o porque ele estava tão agoniado mesmo depois de tudo que ele havia nos dito acerca da hora.

Fomos acordados por duas vezes pelo Rabi. Da primeira vez que Ele nos acordou, me chamou a atenção, mas não pude evitar... O sono foi mais forte do que eu... Não era muito comum a gente sentir tanto sono àquela hora, mas estranhamente estávamos como dopados pelo sono. Talvez isto houvesse contribuído com a captura do nosso Rabi.

Não sei, mas parecia muito aflito... Ele até repetiu aquela bobagem de que iam entregá-lo nas mãos dos pecadores. Quem faria este tipo de coisa?

Ele parecia também estar sentindo dores terríveis... Achei que ele tivesse se machucado, pois em seu rosto havia gotas de sangue misturado ao suor.

Reagimos, mas não pudemos evitar... Eles chegaram de repente e o máximo que pude fazer foi arrancar a orelha daquele maldito soldado... O que foi em vão... O Rabi recolocou a orelha daquele estúpido no lugar.

Sei que agi por impulso e não medi as conseqüências de minha reação. Os Caras podiam ter nos levados presos também... Mas acho que o que eles queriam mesmo era só o Rabi.

Nos perseguiram por um bom pedaço mata adentro, mas fomos mais rápidos que eles e conseguimos escapar. Foi mesmo uma noite muito difícil... Não parava de imaginar no que fariam ao Rabi... Aquela gente não prestava e o Rabi era uma pedra na sandália daquela gente... Difícil entender o porque de tanto ódio contra o nosso Rabi.

O pior estava para acontecer... Fui até perto do lugar onde estavam interrogando o Rabi e uma mulher esquisita me colocou em uma situação de constrangimento que jamais vivi antes... Nem mesmo quando o Rabi me chamou de diabo na frente dos outros companheiros senti tanto constrangimento e medo junto...

A mulher olhou pra mim e disse que eu era um dos que estavam com o Nazareno e eu me arrepiei todo de medo e constrangimento... Não sabia onde colocar a cara... Tive vergonha... “Não. Claro que não!...” Foi o que eu disse aquela mulher...

Não era mesmo o meu dia... Outra dessas criadas vem a mim e na frente de todos me acusa de ser um dos amigos do Rabi... Puxa... Como fiquei com medo... Se eu dissesse que estava com o Rabi eles me matavam...

Logo depois, aconteceu algo que fez a minha vida dar uma verdadeira cambalhota. Não consigo entender o que me prendeu aquele lugar. Eu devia ter saído fora antes que acontecesse o que aconteceu... Mas Deus sabe o que faz... Aquilo tudo mudou a minha vida de verdade...

Só depois que ouvi aquela gente toda dizer que eu de fato era o que estava com o Rabi. Só depois que eu o neguei por três vezes... Oh meu Deus! Como pude... Aquele galo... Aquela gente... Aquilo tudo... Ele já havia dito que eu o faria e nem me dei conta...

Chorei como nunca depois que aquele galo cantou... Como me arrependo de ter feito isto... Como me arrependo de tê-lo negado...

E você? Não se arrepende?



postedo by J. F @ 8:58 AM

2 COMENTÁRIOS

At Terça-feira, 29 Agosto, 2006, Júnior Freire said…
Legal ver a mesma história por outro ângulo. Desta feita, com Pedro.Muito bom. Gostei muito denovo!Valeu !


At Quarta-feira, 30 Agosto, 2006, vanessa said…
poxa super interessante a forma como os textos são escritos, parabéns, isso daria um livro, ou quem sabe artigos de revistas ou jornais ja tentou.

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