quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Venham! Vejam! Ele Voltou!

por J. F.


Parei para imaginar a cena e confesso que me emocionei ao ver com os olhos de minha tão fértil imaginação um pai à beira de uma ruazinha empoeirada e com mato em sua margem suficiente para impedir um boa visão do que este pai desejava a dias ver. Todos os dias naquela mesma hora, lá estava ele tentando enxergar o que o tornaria feliz outra vez, mas era em vão. Já fazia meses e a cena era sempre a mesma: Uma estradinha... Muita poeira e nada mais além de alguns poucos pássaros... Ele não desistia, ao contrário, insistia em ficar ali... Ele nutria em seu coração de pai a expectativa de rever o filho que, mesmo com o coração pesaroso e doendo muito, teve que ver partir, levando o que exigira, “por direito”. Não havia nada que o convencesse a desistir daquele vôo tão incerto. Ele queria partir e coube ao pai deixa-lo ir, mesmo que isto estivesse custando tantos dias de angústia e uma dor quase que insuportável em seu coração paterno. Seu irmão não parecia tão triste. Estava na dele... Apenas queria fazer a parte dele na fazenda do pai, a final, aquele desmiolado do irmão mais moço, resolveu abandonar a fazenda logo naquele momento em que as coisas pareciam irem muito bem. Fazer o que... A vida era dele, ele que fizesse o que bem quisesse dela... Era como pensava o seu irmão mais velho. Um dia, o que o pai esperava acontecia... Mau podia acreditar no que via, mas estava vendo e não era efeito indesejado do sol forte em sua cabeça... Era fato. De longe ainda ele pode enxergar e não demorou muito, suas lágrimas já não eram mais de tristeza, mas de alegria, que o fez sair correndo em direção aquele jovem que vinha em sua direção... O pai corre como nunca, jamais havia corrido tanto antes. Não demora muito, e teve a certeza absoluta de que era mesmo o seu menino... Ele mesmo. Não parecia estar bem... Parecia mesmo era estar muito cansado... A caminhada havia sido longa e os seus pés descalços pareciam sangrar... Suava muito e os cabelos estavam esvoaçados, sem contar o cheiro desagradável que exalava aquele quase irreconhecí­vel jovem. O pai, Ah! O pai era só alegria... A final seu menino estava ali de volta... O menino tentou até argumentar um pouco um belo pedido de perdão que havia ensaiado, mas só o que conseguiu dizer era: “Papai... Me perdoe, pois pequei contra o céu e contra ti... Pode me tratar como um desses seus trabalhadores”... Mas foi imediatamente calado pelo pai, com um belo beijo e com uma surpresa que ele jamais imaginou que o pai pudesse proporciona-lo... O pai pega a mão toda suja e esfolada do seu menino e coloca o seu anel de ouro e brilhantes que a bem da verdade, naquele momento, não combinava tanto com aquelas mãos tão sujas... Mas que prova de amor o pai podia dar a seu menino? O pai pega o jovem filho pelo braço e chamando aos gritos um de seus trabalhadores, ordena que seja morto um de seus muitos novilhos a fim de que pudesse comemorar a volta de seu menino. Assim é feito e logo o que se ouve na fazenda são ruí­dos de uma grande festa... O rapaz, o mais velho, pergunta a um dos trabalhadores de seu pai o que significava aquele alvoroço e fica indignado quando o empregado de seu pai diz ser uma festa promovida pelo seu pai em comemoração à volta do seu mano mais moço. Ele corre em direção à festa e pergunta ao pai o porque fazer uma festa para seu irmão desmiolado e que gastou tudo com as meretrizes. O pai diz pro mais velho: “Filho, o que tenho é teu... Venha! Vamos comemorar a volta do teu irmão, pois eu imaginava que ele estivesse morto, e agora está aqui conosco! Não é um bom motivo pra comemorar? Não seria assim o tratamento que muitas vezes damos a um irmão que por passar por momentos complicados, solicita a parte que lhe cabe e parte rumo à vida, muitas vezes sem se dar conta que o que lhe espera do outro lado da “cerca da fazenda do pai” é a morte, a destruição e a angustia? Que o Senhor possa colocar em nosso coração um desejo de tratarmos nossos irmãos mais fracos (mais novo), com amor e compaixão.

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