quarta-feira, 5 de setembro de 2007

QUE OUSADIA A DESTA MULHER!

CRÔNICAS DE UM OBSERVADORpor J.FEra a chance que estava faltando. Sua filha estava em estado lastimável e o que importava agora era agarrar aquela oportunidade que era mesmo a única. Não haveria outra chance como aquela. Era tudo ou nada. Era a diferença entre uma filha saudável ou continuar assistindo de arquibancada a sua menina em estado de vegetação.

Ele passava por ali quase que por acaso. Se não fosse o fato de ser ele quem dizia ser, seria mesmo por acaso. Era caminho para pegar o barquinho e partir rumo ao outro lado. Mas seus planos foram mudados por um pai desesperado que mesmo com toda bagagem “teológica” e sendo um dos maiorais da religiosidade... Se fosse hoje eu diria até que era cheio de diplomas em divindade? Mesmo sendo quem era, não abriu mão da chance que agora aparecera em sua frente.

O que não seria para este pai estar ali rogando muito, para o Homem que era acusado se ser um desordeiro, que curasse a sua filhinha? Quanta humilhação!

O que importava mesmo, de agora em diante, era ver a sua filha curada e não estava nem aí para o que iam pensar dele, por estar jogado aos pés daquele que parecia para ele, ser um Deus. Por sua filha, ele resolve gritar, clamar, chorar... A final, era a filha dele, e outra chance como aquela quem poderia saber quando aconteceria outra vez?

Ele pára de súbito!

Não desejaria ele mais ajudar àquele pai? O que o faria parar? Quem o faria parar? Ele parou! E todos ficaram em silêncio...Uns pensavam? “O que pode ser agora!?”. Outros, “Será que vai nos passar outro sermão?”. Não. Não era nem uma coisa e nem outra.

Ele olha para um lado. Olha para o outro lado como quem procura algo, ou alguém... Um dos que estavam com ele não resiste à curiosidade e pergunta a ele se aconteceu alguma coisa... Ele diz algo bem baixinho e torna a repetir agora em voz alta:

Quem me tocou?

Uma mulher que por doze anos tinha um fluxo maldito! Aquela coisa não deixava a infeliz viver uma vida digna, nem mesmo depois de ter ela gastado o que tinha e talvez o que não tivesse com os médicos que além de não tê-la curado ainda levou-a um estado lastimável de penúria financeira.

Ela! Ela o tocou! Ela foi ousada! Ela conseguiu o que queria! Ela não sofreria mais com aquele maldito fluxo!

Com aquele homem andando por ali, não dava mesmo para continuar em cima do muro!

Quanto à filha do religioso... Você vai saber...

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