quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O ABANDONO DE UM AMIGO


Por Jailson Freire


“Mas ele negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu fora ao alpendre, e o galo cantou.”Marcos 14: 69


Ninguém mais, nem menos experimentou o significado desta palavra tão fria e cruel. Jesus, o ser mais bondoso que a humanidade já pode conhecer, passou pelo desprazer de ser abandonado e traído por alguém que andava com Ele, comia com Ele, e que amava de forma tão paciente e especial: Pedro.


Pedro era alguém impulsivo e instável em suas emoções. Um camarada precipitado e audacioso em seu comportamento. Alguém que não deixava pra depois o que poderia falar imediatamente. Alguém tão inconstante quando o tempo, que ora chuvoso, e não muito tempo depois se transforma em um belo dia de sol.

Falava fora de tempo e deixava de falar no tempo. Tomava atitudes certas na hora errada e atitudes erradas na hora errada também. Em fim, era o tipo de camarada que provavelmente, ninguém gostaria de ter como amigo.

Mas Jesus pensava diferente. Contrariando o fato de Pedro ser mala sem alça e sem rodinhas, Jesus resolve amá-lo e ter-lo como amigo, e amigo íntimo. Jesus já havia antevisto o que o "amigo" Pedro iria fazer.

Tentando inverter um pouquinho a história, parei para imaginar e cogitar na possibilidade de que Jesus ainda não houvesse sido preso e que o fato de Pedro ter o negado tivesse acontecido ali mesmo em sua presença...

Imaginei se Jesus estivesse escondido por trás de uma daquelas pilastras assistindo o amigo Pedro dizer:

“Não o conheço, nem sei o que dizes”.– Que facada nas costas hem!...

Você pode imaginar o próprio Jesus ouvindo isto?

Será que Jesus não pensou algo do tipo:

"Puxa! Logo o Pedro... Logo o cara que anda o tempo todo comigo... Não posso acreditar que ele fez isto!... Dizer que não me conhece! Expulsar-me do seu coração desse jeito...".

Talvez Jesus pensasse deste jeito, mas não posso crer que foi assim que ele pensou...

Os fatos não aconteceram exatamente desse jeito, todavia aconteceram. Pedro perdeu a oportunidade de ser verdadeiro e sincero e dizer que andava sim, com Jesus. Afinal não era tão sincero? Não gostava de falar o que sentia? Bom, mas era tarde. Negou conhecer o melhor amigo que alguém poderia ter.

O que sobrou foi um cara destroçado emocionalmente e que depois de ouvir um galináceo denunciar a sua capacidade de ser um dissimulado, é que lembrou o que o "amigão" havia dito a respeito de sua traição.

Não é diferente em nossas vidas. Quantas vezes somos traídos ou ignorado, ou até mesmo, nos sentimos excluídos dos corações que antes consideráva-mos amigos e irmãos?

Quantas vezes não nos deparamos com está situação? O que fazer? Neste momento a tristeza nos abate e quer nos paralisar.

Somos diminuídos e nos sentimos tão sós e frios. Como se um cravo nos tivesse atingido não nossas mãos, mas o coração. Ou você acha que foram os cravos que transpassaram as mãos de Jesus o maior motivo de sua dor? É certo de foi o abandono e a indiferença daqueles pelo qual estava se entregando a causa de sua terrível dor.

O que devemos fazer é lembra do texto que se encontra no evangelho de Marcos 16:7 que diz:

“Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vá adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse”.

O que Jesus queria dizer com este versículo é simplesmente fantástico! Jesus acaba de incluir no “jogo” novamente o cara que o havia traído... “Dizei a seus discípulos, e a Pedro...”, ou seja, não se esqueça de Pedro... Fala para Pedro que ele está no “jogo” outra vez... Que não me esqueci dele... Que ele é importante na “equipe”... Glória a Deus!

É assim o meu Jesus... Foi traído por seu amigo Pedro, mas fez questão de demonstrar perdão e não somente dizer a ele que o perdoava... Que possamos ter coragem de demonstrar perdão àqueles que nos tem tratado com indiferença, que nos tem traído e que nos tenham colocado no final de suas listas de amigos e irmãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário